No naturismo não pode haver erotização ou "pornolização' da nudez.
O Naturismo advoga a nudez social como uma caminho ao bem estar e a felicidade (naturalmente também há preocupação com a saúde física e mental, a alimentação e com o meio ambiente).
Os naturistas usam os encontros para seu bem estar físico e para estarem nus junto a seus iguais de preferência em áreas naturais. Desde o início na Alemanha procurou-se trazer jovens e famílias (avós, pais e crianças) para a esta prática.
Qualquer pessoa que for aos encontros em espaços naturistas, filiados a FBrN, confirmará a ausência de práticas eróticas, pornôs ou exibicionistas e se encontrar estas práticas a associação, clube ou pousada, deve ser denunciada a FBrN para ser descredenciada.
A nudez deve ser encarada ato normal e corriqueiro, não pode ter nada a mais que isto. Se a nudez é vista como ato comum, não há ideal de beleza, pois temos diversidades infinitas de aparências e muitas marcas da nossa história ficam em nossos corpos e uma vez nus, ficam expostas, devem ser respeitadas, aceitas e serem motivos de orgulho. O naturismo serve para elevar a autoestima, ajuda-nos a compreender que todos os corpos são desiguais e a diversidade é bela.
Os naturistas apenas gostam de viver nus e não pretendem chocar ninguém, pelo contrário, querem ser aceitos, mais são discretos e respeitadores, evitam conflitos com têxteis que ainda não conhecem ou não aceitam esta filosofia.
Os naturistas não querem serem confundidos com exibicionistas, swingers e voyeurs. Exibicionistas se expõem sobretudo para verem e serem vistos, salientam principalmente os órgãos genitais e regiões consideradas erógenas, voyeurs estão para observar e satisfazer seu onanismo e swingers tem intenções de troca de casais.
Os naturistas não são assexuados, não condenam as diversidades de práticas sexuais, mas procuram separar as práticas sexuais para ambientes que lhes são próprios.
No naturismo há crianças que veem a nudez dos pais e de outros, ficam também naturalmente à vontade e devem ser protegidos daqueles que podem representar perigo ou desvirtuamento do naturismo. Por isto para estar em espaço naturista, há formulário que deve ser preenchido com os dados pessoais e uma entrevista será feita para analisar o pretendente.
Devemos condenar também nas redes sociais naturistas, publicação eróticas, exibicionistas ou pornográfica. Que seguranças passaremos a aqueles querem entrar no naturismo se permitimos estes desvios? Que ideal passamos a jovens que nos seguem? Se dizemos que a cultura naturista é saudável não podemos permitir que tornem estes espaços devassos!
A vezes iniciantes, no processo de entender o naturismo, começam a enviar muitas fotos nus principalmente destacando áreas que antes ficavam oprimidas por sungas ou biquínis, compreendemos esta ação como movimento de libertação e querem salientar o livramento recém conquistado, mas em algum momento deverão perceber que não há diferença entre o pé e a vagina ou pênis, são apenas partes do corpo que devem ser aceitas como tal, nas suas finalidades específicas, e ao expô-las em uma imagem não precisam um ter mais destaque que o outro.
Devemos lembrar que em qualquer ambiente, observar diretamente o outro ou fotografar sem a sua devida permissão e no mínimo constrangedor e mal educado, por isto está prática no naturismo é condenada.
Não faz sentido também está vestido em um espaço naturista, é ridículo, além que parecerá que a pessoa só está presente para observar e isto constrange os outros naturistas. Em espaço naturista deve-se está totalmente nu.
Para acostumar a nudez de outros ou estar nu diante de muitos as associações promovem palestras e encontros na qual a nudez é opcional.

Luz Del Fuego nasceu Dora Vivacqua a 21 de fevereiro, quarta feira de Carnaval de 1917 em Cachoeiro de Itapemirim - Espírito Santo em uma família rica descendente de imigrantes italianos.

Somente aos vinte e sete anos torna-se Luz Del Fuego, quando passa a se apresentar nos teatros, cinemas e circos. Dançou seminua com jiboias e logo tornou-se sucesso de bilheteria fazendo turnê em diversos países. Ao longo da carreira, também publicou livros e revistas.

Se ainda hoje as mulheres ao garantir seu lugar de fala ainda causam "mimimis" dos conservadores, imagine uma mulher da década de1940 defender temas libertários, como o direito das mulheres, direito dos homossexuais, das religiões espírita e de matriz africana, levantar a questão da fome no Brasil, o direito dos animais, o vegetarianismo e também querer que todos conheçam o naturismo. Esta mulher era uma vedete que dançava com cobras, naturista, atriz, escritora, piloto, paraquedista e feminista brasileira que conseguiu pautar estes assuntos na grande mídia e não poucas vezes foi tratada como exótica e louca. Imagine que se hoje há manifestações de misoginia e de preconceito contra as mulheres fortes e emponderadas, imagine os perrengues que passou esta mulher que estava além do seu tempo!?

Esta era Dorinha que ainda na infância se apaixona pelas cobras ao visitar o serpentário próximo a sua casa. Sobre sua relação com a natureza, escreveu: “Não necessita de grande poder de observação para notar a diferença entre uma pessoa criada no confinamento de quatro paredes e outra vivendo ao ar livre, respirando a plenos pulmões, cheirando a sol, exteriorizando saúde e vida por todos os poros; e nas atitudes, no olhar, deixando entrever uma felicidade inata, uma ventura, a razão da nossa vinda à objetivação humana.”

Dorinha foi para o Rio de Janeiro completar seu estudos após a morte do pai, e aos quinze anos (1933) escandalizou a família, entrando para uma equipe de circo, costurando fantasias curtas e usando apenas lenços como bustiê e calcinha para ir à praia, lembre-se que ainda era proibido usar maiô de duas peças e não existia biquíni que surgiu só após 1946.

Seu irmão, deputado, para evitar escândalo decide mandá-la de volta a Cachoeiro de Itapemirim, onde foi morar com uma irmã e o marido. Quando o cunhado passa a assediá-la e ao ser flagrado pela esposa, quem sofre as consequência é Dorinha que foi internada no Instituto Raul Soares por um período de dois meses em 1936 como esquizofrênica.

Após este episódio foi morar na fazenda de outro irmão, onde ao aparecer como Eva, usando apenas folhas e cobras-cipós nos punhos, isto a leva ser internada novamente na clínica psiquiátrica da Casa de Saúde Dr. Eiras, no Rio. Após intervenção do irmão Achiles, ela foi viver com outra irmã, Mariquinhas.

Completou o cientifico em 1940 no internato Imaculada Conceição, escreve Trágico Black-Out, um romance noir sobre abuso, prostituição e uma crítica ao conservadorismo. Anos depois, Dora termina o bacharelado em Ciências e Letras.

Inicia profissionalmente como atriz criando uma personagem inspirada nas sacerdotisas macedônicas e babilônicas que praticavam danças com cobras e escolheu para sua arte as jiboias por serem menos perigosas portanto mais fáceis treinar e as mantinham soltas em sua casa para desespero das visitas.

Em 1944 já como Luz Del Fuego estreia no circo Pavilhão Azul as peças Tentação de Eva e Lenda da Cobra Grande, as apresentações causaram grande burburinho e cobertura midiática, logo Luz era uma das vedetes mais conhecidas do país.

Em 1945 inicia sua turnê pelo Panamá, Uruguai e Argentina, no ano seguinte estreia o filme No Trampolim da Vida e apresenta-se nos Estados Unidos onde descobre o existencialismo e as colônias nudistas e torna-se adepta do naturismo decidindo implementá-lo no Brasil.

Já em em 1948 teoriza sobre o movimento naturista brasileiro no livro A Verdade Nua, onde escreve: "Um nudista é uma pessoa que acredita que a indumentária não é necessária à moralidade. Não concebe que o corpo humano tenha partes indecentes que se precisem esconder". Funda a revista “Naturalismo” que teve mais de vinte edições.

Retornou aos teatros em 1950 atraindo mais de 500 mil espectadores por mês. Estreia o filme Eva no Paraíso no Teatro Follies em Copacabana.

Nos anos seguintes realizou turnês pelo Norte, Nordeste e Sul do Brasil, pelos Estados Unidos, Europa e Egito. Além disso, foi capa da revista Life e protagonizou outros filmes .

Mas nem tudo é paraíso, suas atitudes lhe trouxeram várias acusações de atentado ao pudor e aos "bons costumes", trazendo multas e intimações. Algumas cidades passaram a proibir suas apresentações e para divulgar suas ideias libertárias radicalizou, apresentando-se completamente nua em carros abertos na Avenida Atlântica no Rio e no Viaduto do Chá em SP, foi presa e obrigada a se submeter a "exames de sanidade" diversas vezes.

Lançou-se na política, criando o Partido Naturalista Brasileiro, que tinha como slogan, "Menos roupa e mais pão!" que entre as propostas, estavam o fim de restrições ao espiritismo e religiões de matriz africana, a prática de nudismo em família, direito ao divórcio e medidas de proteção aos animais.

Obteve a concessão da Marinha em 1950, para ocupar a pequena ilha Tapuama de Dentro, na Baía de Guanabara, próxima a Paquetá e São Gonçalo, logo rebatizada de Ilha do Sol e foi lá que Luz fundou o Clube Naturalista Brasileiro, Em 1955 Federação Internacional de Naturismo (INF-FNI) reconheceu oficialmente o movimento naturista brasileiro iniciado por Luz e o primeiro clube naturista da América Latina. A Ilha do Sol atraiu personalidades do mundo inteiro, na Ilha os naturistas promoviam peças de teatro e filmes, esportes e banhos de mar.

Luz Del Fuego passou a morar definitivamente na ilha do Sol em 1960. Devido a proximidade de marginais passou a usar arma e por várias vezes queixou-se à polícia da visita de malfeitores à Ilha denunciando crimes na região, inclusive o assassinato de um pescador.

Em 19 de julho de 1967 desapareceu e jornais chegaram a dizer que era mais um golpe publicitário de Luz, mas infelizmente os corpos de Luz e do caseiro foram encontrados no mar duas semanas depois. As investigações revelaram que os assassinos foram dois homens que já haviam prestado serviço para ela e acreditavam que Luz guardava dinheiro na ilha. Os assassinos foram condenados a 31 anos de prisão.

Dia 21 de fevereiro, data de nascimento de Luz Del Fuego, Dorinha para os íntimos, é considerado o "Dia do Naturismo" no país. Os ideais naturistas de Luz Del Fuego renasce em cada nova associação que surge para defender e fazer crescer o movimento naturista no Brasil.

Festejamos o legado de Dorinha, a nossa Luz em todos carnavais naturistas.